29 de mai. de 2010

TAREFAS DIÁRIAS


Mosteiro é o lugar onde os peregrinos em procura intensa de Deus, desejosos de sentir e de perceber Deus enveredam num projeto comunitário de vida. As pessoas que decidem viver no Mosteiro chamam-se monjas ou monges e seu estilo de vida é chamado de vida monástica.

A prática do monge Zen se realiza no bodhimanda, recinto que todos os mosteiros Zen têm no Japão, é um lugar de exercício prático, no que devem permanecer vários anos.

A vida no bodhimanda está muito longínqua da vida moderna. Neste lugar se carece de todos os avanços e o importante é a laboriosidade na vida quotidiana. Assim pois, não encontramos, por exemplo, costumes comerciais ou propagandísticas. Tampouco achamos estabelecimentos para a vida intelectual e científica. Em verdade, as comodidades e a vida fácil estão ausentes.

No entanto, aqui há espírito sério para procurar uma verdade de alto nível e também há uma fé forte para obter uma sabedoria para cortar o sofrimento da vida. Também para conseguir as virtudes fundamentais e sociais, para abrir o caminho do bem dos outros e para a paz do mundo.

A vida do Zen não é só em benefício do desenvolvimento individual dos frades, mas como membros que são da sociedade. Implica a formação de bons e honestos cidadãos.

A vida do Zen passa por cinco fases importantes:

1. Paciência. 2. Laboriosidade. 3. Virtuosismo. 4. Agradecimento. 5. Perfeição.

Estes cinco pontos constituem o processo do exercício. Ao princípio, para ser admitido como membro tem-se que passar uma prova e certificar ser discípulo de algum mestre.

Após a chegada do monge, que ensina o seu certificado, se lhe nega a entrada como costume. Ele tem que rogar muitas vezes com reverência ser admitido e ao princípio só terá como resposta ser expulso à força.

O monge, fora da porta, começa fazendo meditação e espera firmemente. Parece que não têm amabilidade, mas realmente tudo isto já é um exercício onde se põe à prova o seu animo ou desânimo. Desde o princípio não há contemplações.

O monge tem que aguentar qualquer incomodidade. Não há descanso para os que procuram as verdades, se hão de passar todas as dificuldades. Assim pois, se sucede uma e outra rejeição e depois de uns cinco dias o receberão para ser admitido e fazer exercício no dojo. À continuação se lhe ensinará as normas do mosteiro.

ACUMULAR AS VIRTUDES OCULTAS (*)

Na vida do mosteiro Zen dedicar-se à cozinha é ter uma boa oportunidade para acumular as virtudes ocultas.

O serviço voluntário é realizar o trabalha correspondente sem queixar-se nem uma palavra nem pensar na recompensa individual material nem espiritual.

O problema principal para os cozinheiros é guisar bem as matérias dadas para sustentar a saúde do público. No entanto, na cozinha do mosteiro Zen não há nenhuma matéria para suscitar o apetite dos que querem comer bem. No entanto, todas as comidas podem ter sabor com utilização das especiarias. Em geral, os que têm uma educação têm tendência a desprezar este tipo de trabalho. No entanto, os frades de Zen não distinguem estes trabalhos como de nível alto ou baixo.

Porque se eles encontram uma boa oportunidade de servir aos outros a aproveitam com alegria e realizarão o trabalho com toda a sua alma.

O exercício no mosteiro Zen não é só para desenvolver a habilidade interior do indivíduo, mas também para desenvolver o caráter moral como membro da sociedade.

Na vida do mosteiro Zen o principal é, como se disse "não gastar mal" (desperdiçar), especialmente isto pode-se aplicar à cozinha com rigidez. Porque na cozinha se tende a jogar fora um pedaço de verdura, uns grãos de arroz ou trigo.

Na vida do mosteiro Zen, embora a comida não seja muito boa, o comer é um dos assuntos mais importantes. Se come duas vezes ao dia. Depois de comer se lêem os cinco capítulos em relação com a comida. 1. Se nós somos dignos de receber esta comida realmente. 2. A comida tem que ter uma relação com as nossas virtudes. 3. A comida tem o objetivo de evitar faltas tais como cobiça, etc. 4. A comida é ingerida como boa medicina, a fim de manter o corpo em estado saudável. 5. Para realizar a vida da virtude, tomemos esta comida.

Durante a comida não pode-se falar e se realiza em silêncio e ordem. As "virtudes ocultas" não procuram recompensa nem no céu nem na terra.

Na nossa vida social sempre estamos procurando uma recompensa que não corresponde à nossa atitude, e se não podemos conseguir esta recompensa nos sentimos descontentes e se nos sentimos descontentes isto nos causa muitas dificuldades na nossa vida diária. A nossa vida humana não está dominada pelo princípio econômico. Há algo mais importante na nossa vida. Quando se entende este algo mais importante se consegue a paz e a felicidade que estamos procurando.

O ensino do budismo nos diz a importância do "vácuo" não só no campo filosófico, mas nos recomenda também recolher o ensino do vácuo praticamente. Quando não se faz isto, ao "actuarem as virtudes ocultas" estas serão artificiais e por conseguinte hipócritas.

Quando entendemos o espírito de "vácuo", a tarefa que odiamos não será tão ruim, mas alegre. Por exemplo, para limpar o banheiro, no mosteiro Zen os frades não se queixam, porque eles estão educados para trabalhar com o esforço máximo em qualquer trabalho.

A parte do valor social ou moral, a postura espiritual de cada um tem a sua origem no ponto de vista Zen.

Os antigos monges que entravam nos monastérios em busca da Luz iniciavam seu dia com tarefas difíceis. Limpavam banheiros, capinavam o jardim, descascavam batatas na cozinha. Depois dessas tarefas cumpridas, podiam descansar, orar, e meditar. Sentiam dentro de si o prazer do dever cumprido e alcançavam a cada tarefa um bônus para prosseguir em sua senda espiritual.

Na vida, não existe tarefa melhor ou pior, mais digna ou menos digna! Por essa razão, é importante fazermos uma reflexão sobre o que realmente fazemos para remover os obstáculos de nossa frente. Devemos refletir sobre o que fazemos em nosso dia-a-dia somente para receber o reconhecimento, o aplauso, o respeito dos outros ou para conquistar cada vez mais bens materiais.

O Ego nos sugere essas tarefas, como já repeti várias vezes em meus artigos. O EU Interior não precisa de reconhecimento exterior, ele cumpre as tarefas mais árduas, mais difíceis sem esperar nada em troca, porém, com a certeza elas lhe fornecerão a chave para alcançar a próxima etapa do 'vídeo game'.

Mesmo não trazendo um reconhecimento imediato, são elas que permitirão que alcancemos a próxima etapa. Com essas chaves poderemos abrir as portas, do bem-estar, da saúde, da harmonia, da prosperidade, da fertilidade, enfim, da felicidade interior, segundo nosso merecimento.

Amigos blogueiros, cumpra suas tarefas e ganhe um 'bônus extra' ou ' bônus hora' ou qualquer bônus a cada dia e sua vida se tornará mais fácil. Doe e receberá: a prosperidade é uma via de mão dupla! Seja generoso e receberá com generosidade, seja compassivo e receberá compaixão e auxílio em caso de necessidade. Lembre-se, você pode transformar os obstáculos em "Bônus" para alcançar vitórias evolutivas.

Fiz uma adptação de um texto que peguei na internet, mas não me lembro onde achei. Se vocês encontraram, me informe, por favor.

(*) Extractos baseados na leitura de "O exercício e a vida do mosteiro" D. T. Suzuki. Shun Yu Sha. Tóquio, 4 a ed. 1966. Esta parte é complemento do tema "As artes marciais como prática vinculada ao zen".

Referência bibliográfica:

D. T. Suzuki. Shun Yu Sha. O exercício e a vida do mosteiro. As artes marciais como prática vinculada ao zen. Tóquio, 4ª edição, 1966.


2 comentários:

Marcos Takata disse...

Namaste amiga,
A vida monástica é assim mesmo e, no Japão é muito rigorosa a entrada num Mosteiro.
Bijussss

angela disse...

Não é facil o cminho da espiritualidade.
beijos